Publicado originalmente em 1939, Dia garimpo, de Julieta Barbara, é um dos poucos livros da fatura modernista de autoria feminina e ficou esquecido por mais de oitenta anos. Esta nova edição da obra realiza um resgate necessário de uma autora do século XX que pode nos ajudar a ler as questões dos dias atuais. Nascida em 1908, Julieta Barbara foi uma escritora de seu tempo, em sintonia com as mudanças culturais de sua época.
Sensível a alguns princípios modernistas, como a pesquisa de temas, mitos e referências da cultura brasileira, o livro parece depurar a pesquisa estética de seu tempo, trabalhando com uma linguagem coloquial, com registros orais, evocando personagens e manifestações religiosas variadas e acenando para outras artes, como a música, a dança e as artes visuais. Raul Bopp escreve, no prefácio da edição, que há, por detrás dos versos de Julieta, “uma porção de coisas que a gente não sabe, um desejo de reunir distâncias […] e uma mistura de vozes acordando sangues continentais.”
Além de reproduzir o material que constava na primeira publicação – ilustrações da própria Julieta Barbara, uma carta-prefácio do poeta Raul Bopp e um retrato da autora por Flávio de Carvalho –, esta nova edição traz também dez poemas inéditos de Julieta, um posfácio de Mariano Marovatto e orelha de Veronica Stigger.